"O que escrever...."

"O que escrever...."

"O que escrever...." 

Acho que todos nós passamos por esta situação de bloqueio de ideias, principalmente a ouvir desgarradas ao fundo na Praça da Alegria. 

Sim, é um programa que já está na nossa grelha de programação e nas nossas casas há muitos anos, e diga-se, de todos, o melhor. Mas aqueles gritos e "desafinanços" podem não ser muito agradáveis. Mas a nossa tradição é um bocadinho assim. Sem querer, somos levados para hábitos antigos que aguentamos por serem tradição, e não necessáriamente por serem agradáveis. 

A identidade de uma nação, de um povo, e a mais de um povo com história, tem sem dúvida esta métrica que o compõe. Costuma-se dizer: Porque é tradição. 

Hoje em dia, já começamos a dizer: Não é por ser tradição que está certo. 

Era tradição bater na mulher e não se meter a colher. Era tradição ensinar-se e educar-se através de cintos e dores de fivelas. Era tradição uma sardinha para 15 filhos, porque era tradição ser-se pobre e ignorante. A tradição é nada mais que hábitos de vários anos, passados de geração em geração, e que por isso, muitas vezes esquecido o seu fundamento, e simplesmente passado e utilizado conforme a necessidade da ocasião. 

Ter-se tradição é ter-se identidade, enquanto povo. E nós melhor do que ninguém, somos o povo que inventou a palavra Saudade. Porque isto da tradição não funciona sem a Saudade e a nostalgia a impulsionar o seu contar de história para que nunca seja esquecida. 

E hoje estamos um bocadinho esquecidos. 

É importante perceber que a tradição, que os trapos, os mantos, os comeres e os afazeres tinham um propósito na linha da sociedade civil da altura em que foram compostos. Passados anos, alguns já não têm sentido. Utilidade, têm sempre, que o saber não ocupa lugar. Mas pragmaticamente, o pensamento já é outro. 

Assim, escrever sem se saber onde começar, pode ter o mote num simples grito da Praça da Alegria. E assim, escrever sobre uma nação, e tradição, torna-se simples. 

Este é o texto de um dos nossos seguidores que decidiu partilhar connosco a sua vontade de escrever sem saber o que escrever, olhando para o nosso projecto e sabendo que este crescer vai além da linhas da tradição. Pediu-nos que não revelássemos o seu nome, queria somente que as suas ideias ecoassem nas linhas do tempo. 

 

 

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